Pouco antes de se despedir da vida, Rita Lee deixou registrado um dos gestos mais emocionantes de sua trajetória: uma carta escrita de próprio punho, dedicada ao marido, Roberto de Carvalho, e aos três filhos — Beto, João e Antônio. O conteúdo, até então inédito, foi revelado no documentário "Rita Lee: Mania de Você", lançado pela plataforma Max, e provocou comoção entre fãs e admiradores da artista, que faleceu em 2023.
Na mensagem, Rita expressa com delicadeza e sinceridade o amor profundo que nutria pela família. Em tom íntimo, afetivo e cheio de gratidão, a cantora compartilha memórias, reconhecimentos e declarações que revelam o quanto valorizava os laços que construiu ao longo da vida.
A carta se inicia com um agradecimento coletivo, onde Rita afirma se sentir abençoada por conviver com “quatro cavalheiros” que a fizeram perceber que era “a mulher mais completa do mundo”. É uma introdução que revela não apenas a sensibilidade da artista, mas também o senso de humor e a forma original com que escolheu se despedir dos seus.
Ao se referir a Roberto de Carvalho, com quem viveu mais de quatro décadas de amor e parceria, Rita Lee mantém o tom bem-humorado e carinhoso que sempre marcou sua personalidade.
“Você, Roberto, é o namorado mais fofo que existe, sempre elegante e discreto. Precisa ser muito macho para aguentar uma mulher escandalosa, ex-presidiária, cinco anos mais velha e nem sempre fácil de lidar”, escreveu ela, arrancando sorrisos e lágrimas de quem ouve ou lê o texto.
A cada filho, Rita dedicou palavras singulares, mostrando o olhar atento e afetuoso de uma mãe que conhecia profundamente cada traço dos seus.
A Beto, o primogênito, chamou carinhosamente de “loirinho mosquitinho”, lembrando a maneira terna e respeitosa com que ele a tratou em momentos difíceis.
A João, o Juca, descreveu como um homem mais retraído, mas com forte senso de justiça e amor pelos animais, uma paixão que herdou da mãe. “Obrigada por ser essa pessoa iluminada e abençoada”, escreveu.
E a Antônio, o caçula, carinhosamente apelidado de Tui, ela exaltou a personalidade forte, ensolarada e sedutora, digna de um leonino confiante. “Desde pequeno, enfezadinho, independente e sempre sabendo o que queria”, destacou.
Ao final da carta, Rita Lee sintetiza o que foi uma vida inteira de afeto, arte e convivência. “Obrigada a vocês, Beto, Juca e Tui, por terem nascido de mim. E obrigado, Roberto, por ser o pai deles. Deus nos abençoe e nos proteja. Mãe.”
A revelação do texto lança uma nova luz sobre a imagem já consagrada de Rita Lee: além da artista ousada e revolucionária, emerge a figura humana, amorosa, generosa e profundamente grata à sua família. Em sua despedida, Rita transformou o adeus em poesia. Fez do fim, mais uma vez, arte.
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